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terça-feira, 7 de maio de 2019

CANÇÃO DO EXÍLIO

Canção do Exílio
 Casimiro de Abreu 

Se eu tenho de morrer na flor dos anos, 
Meu Deus! não seja já; 
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde, Cantar o sabiá! 
Meu Deus, eu sinto e tu bem vês que eu morro 
Respirando este ar; 
Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo 
Os gozos do meu lar! 
O país estrangeiro mais belezas 
Do que a pátria, não tem; 
E este mundo não vale um só dos beijos 
Tão doces duma mãe! 
Dá-me os sítios gentis onde eu brincava 
Lá na quadra infantil; 
Dá que eu veja uma vez o céu da pátria, 
O céu do meu Brasil! 
Se eu tenho de morrer na flor dos anos, 
Meu Deus! não seja já! 
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde, 
Cantar o sabiá! 
Quero ver esse céu da minha terra 
Tão lindo e tão azul! 
E a nuvem cor de rosa que passava 
Correndo lá do sul! 
Quero dormir à sombra dos coqueiros, 
As folhas por dossel; 
E ver se apanho a borboleta branca, 
Que voa no vergel! 
Quero sentar-me à beira do riacho 
Das tardes ao cair, 
E sozinho cismando no crepúsculo 
Os sonhos do porvir! 
Se eu tenho de morrer na flor dos anos, 
Meu Deus! não seja já; 
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde, 
A voz do sabiá! 
Quero morrer cercado dos perfumes 
Dum clima tropical, 
E sentir, expirando, as harmonias 
Do meu berço natal! 
Minha campa será entre as mangueiras 
Banhada do luar, 
E eu contente dormirei tranqüilo 
À sombra do meu lar! 
As cachoeiras chorarão sentidas 
Porque cedo morri,
 E eu sonho no sepulcro os meus amores 
Na terra onde nasci! 
Se eu tenho de morrer na flor dos anos, 
Meu Deus! não seja já 
Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde, 
Cantar o sabiá! 

Lisboa — 1857

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